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23 de fevereiro de 2011

Nei Lopes, ex-Salgueiro e Vila, é atração do Carnaval de Piraí

Nei Lopes gosta do Carnaval de Piraí
Compositor desfilava anônimo há mais de 10 anos e fazia música do bloco
Quando o Bloco do Hotel Colonial entrar na pista para abrir o desfile de domingo em Piraí, certamente a atenção do público se voltará para um de seus integrantes que sempre fez questão de sambar anonimamente, mas acaba de ter sua identidade revelada. É o compositor, intérprete e escritor Nei Lopes, que depois de mais de 30 anos ligado às escolas de samba Salgueiro e Vila Isabel escolheu o carnaval de Piraí para descansar, mas acabou não resistindo ao charme do melhor carnaval da região e voltou a cair na folia. Além de sambar, é dele tam,bem a música que embala o bloco.
A atração de Nei Lopes por Piraí começou há cerca de 13 anos, quando ele e a mulher, Sônia, decidiram fugir um pouco da confusão e correria do carnaval do Rio de Janeiro e buscar um pouco de tranquilidade. Saíram de Vila Isabel há uns 13 anos e foram morar num sítio, em Seropédica, onde continuam até hoje. Daí até Piraí, foi um pulo:
Fã de carteirinha de Piraí
Embora estivessem fugindo do carnaval, Nei Lopes e Sônia não conseguiram resistir ao convite da gerente do hotel - hoje amiga do casal -, para desfilar em Piraí e acabaram entrando no bloco do Colonial e voltando a participar da folia.
Segundo Sônia, o compositor ficou muito satisfeito ao saber que Piraí decidiu organizar um bloco que sairá após as matinês executando apenas marchinhas e samba enredo. Bom motivo para convencer outros amigos a seguirem seus passos:
Sambista malandro e intelectual
Nascido e criado no subúrbio carioca de Irajá, de onde se mudou, em 1982, para Vila Isabel, Nei Braz Lopes freqüentou rodas de samba desde os tempos de estudante, a contragosto do pai, que não via aquilo com bons olhos. Após a morte do pai, entregou-se de vez à música, tendo desfilado pelo Salgueiro em 1963, mesmo ano em que teve poemas seus publicados na Antologia dos Novos Poetas.
Formado em Direito, exerceu a profissão entre 1966 e 1970, passando então a dividir seu tempo entre a música, a literatura e a pesquisa, sendo considerado um dos principais poetas da negritude brasileira. Um dos intelectuais mais atuantes do Brasil, escreveu livros de música popular e sobre a importância da África na formação sociocultural brasileira.
Em 2009, teve sua biografia lançada pelo jornalista Oswaldo Faustino, na coleção Retratos do Brasil Negro, na qual é classificado como a "personificação do último sambista ao mesmo tempo malandro e intelectual".
Segundo o jornalista, as músicas de Nei Lopes sobem o morro, falando a língua do povo e também pedem licença para adentrar altos salões e dialogar com acadêmicos e letrados, com termos em latim, francês e jurídicos, aprendidos na Faculdade Nacional de Direito. Como compositor, teve em Wilson Moreira seu mais fiel parceiro, com quem lançou dois de seus principais discos: O Partido Muito Alto de Wilson Moreira e Nei Lopes (1985) e Arte Negra de Wilson Moreira e Nei Lopes (1980).

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