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5 de agosto de 2010

Renato Soares do Sindicato dos Metalúrgicos colocou departamento Jurídico da entidade para defender metalúrgico preso injustamente

Depois de passar 20 dias preso indevidamente, foi solto no final da tarde de ontem da Polinter, em Queimados, na Baixada Fluminense, o metalúrgico Elias de Oliveira Modesto, de 53 anos. A prisão do trabalhador ocorreu no dia 15 de junho, na delegacia de polícia de Volta Redonda, onde Elias compareceu para registrar que havia encontrado os documentos que havia perdido e foi surpreendido com um mandado de prisão expedido contra ele pela Justiça do estado de São Paulo.
Elias foi vítima de uma fraude arquitetada pelo próprio irmão, Paulo de Oliveira Modesto, de 54 anos, que está foragido. Ao ser preso por roubo em Taubaté, no Vale do Paraíba Paulista, ele apresentou uma carteira de identidade falsa com o nome de Elias. Condenado, Paulo foi enviado para o presídio de Tremembé, de onde fugiu. O advogado do Sindicato dos Metalúrgicos, João Campanário, que trouxe o trabalhador de volta para casa, no distrito de Califórnia, em Barra do Piraí, contou como Paulo falsificou o documento. “Ao ser preso, Paulo apresentou uma carteira com o nome de Elias, embora todos os outros itens, inclusive a foto e as impressões digitais, fossem os dele mesmo. Isso explica por que, quando Paulo fugiu, o mandado de prisão foi expedido em nome de Elias”, disse o advogado.
Elias passou três dias preso na carceragem provisória da delegacia de Volta Redonda, sendo transferido para a Polinter no dia 19. Lá, ficou numa cela com outros 68 detentos. Ao ser recebido em casa pelos parentes, entre risos e lágrimas, ele disse que vai processar o estado de São Paulo pelo constrangimento a que foi submetido. “Um trabalhador ser chamado de bandido por bandidos de verdade, como se fosse da laia deles, é muito humilhante”, desabafou ele ao FOCO REGIONAL, cuja matéria sobre a prisão indevida foi usada pelos advogados do sindicato para conseguir um habeas corpus no Tribunal de Justiça do estado de São Paulo.
Metalúrgico terá de comprovar fatos
A liberdade de Elias, porém, ainda não é definitiva. Numa atitude inusitada, o desembargador Figueiredo Gonçalves, do Tribunal de Justiça de São Paulo, deu prazo de seis meses para que o metalúrgico prove que foi realmente vítima da má-fé do irmão.
- Nestas horas a gente sente um grande orgulho de ser advogado. O desembargador teve a convicção para libertar um “condenado” em vez de manter um inocente preso - afirmou Campanário, lembrando que o desembargador poderia ter optado por só libertar Elias depois que o engano fosse desfeito através de um outro processo, que seria mais demorado. Segundo ele, o que mais dificultou a concessão do habeas corpus para Elias foi o fato de que o processo contra Paulo já está arquivado. O advogado disse ainda que a carteira de trabalho de Elias, empregado da Sankyu, empreiteira da CSN, foi o principal instrumento levado em conta pelo desembargador para concessão da soltura.
Emocionado, Elias agradeceu o apoio que recebeu dos familiares, dos colegas de trabalho (que fizeram até uma “vaquinha” para ajudar a família dele a custear as despesas de viagem à Polinter) e, especialmente, ao presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Renato Soares. Vizinho de Elias, Renato determinou ao departamento jurídico, tão logo soube da prisão, total assistência ao trabalhador porque o conhece e sabe da sua inocência.
Elias foi solto no mesmo dia em que a Polinter de Queimados foi alvo de uma operação conjunta do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE) e da Corregedoria Unificada. Foi descoberto que a cadeia era administrada pelos próprios presos, que tomavam conta até da portaria. Eles tinham as chaves da carceragem e faziam a revista das visitas. No local foram presos em flagrante dois policiais civis e um preso que estaria "gerenciando" a unidade. Outros sete que desfrutavam de condições especiais também foram conduzidos até a Corregedoria Geral Interna para prestar esclarecimentos.
A operação foi montada para cumprir um mandado de busca e apreensão, com o objetivo de verificar denúncias de que os policiais civis responsáveis pela Polinter de Queimados estariam recebendo dinheiro dos presos. Na carceragem, há cerca de 150 homens presos, aguardando julgamento. Segundo Elias, muitos são de Volta Redonda. Matéria e fotos: Fernando Pedrosa Foco Regional On line - Mais fotos no Foco Regional.
Renato determinou departamento jurídico do sindicato atuar por Elias
Elias com Renato Soares, Campanário e os parentes ao chegar em casa




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